quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um pedaço da Inércia.

Estou no holocausto do sistema. Um local quente, sujo, velho e lotado de prisioneiros de uma escolha. Será que essa escolha foi dada com total livre-arbítrio? Será que todos que estão aqui lutaram para não serem acorrentados? Seus olhos, fartos de uma grande luta, dizem que sim! Um aprisionamento, não de uma vingança, mas de uma inércia. Eu estou no holocausto do sistema.

 As pessoas que aqui estão clamam por refúgio e misericórdia. Algumas ficam em silêncio, se acostumaram à rotina desse inferno. Outras abrem suas bocas para reclamar de tudo o que tem aqui. "Que horrível estar nesse lugar"; "Eu quero ir embora"; "É sempre a mesma coisa", eles dizem!

 Estamos nesse lugar porque talvez somos inferiores. Advogados, médicos, engenheiros, burgueses eu não os vejo aqui. Eu estou no holocausto do sistema.

 Olhos cansados, cabeças inclinadas com os corpos suplicando por descanso. Por que não dormi no inferno? Por que não fechar os olhos? Por que não me render a tudo isso com a esperança de que vou sair daqui a tempo? Talvez, a única saída seria não ter entrado nesse processo. Mas, para onde eu iria? O que fazer para não estar aqui? Todos estão indo por este caminho e não conseguem evitá-lo. De repente ouvi um alerta e uma porta se abrindo, achei que era minha oportunidade. Então saí e finalmente consegui me livrar desse maldito holocausto.

 Parecia que essa hora nunca chegaria. Demorou, mas agora estou fora. Dentre várias lutas consegui vencer uma. Mas será mesmo que venci? Meu holocausto, ah, o meu holocausto. Os que conhecem o chamam de ônibus, transporte público, trânsito, e eu consegui sair dele, apenas dele. Tenho agora mais lutas para serem combatidas, mas infelizmente, não tenho esperança de sair de nenhuma delas.

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